Dida: o herói de Zico
Provavelmente, muitos rubro-negros da nova geração, não tenham ouvido falar em DIDA.
É meio que um “ato falho” de grande parte da torcida rubro-negra, toda vez que pensa, pesquisa ou se lembra de algo sobre grandes títulos, grandes histórias e grandes personagens dos 124 anos do Clube de Regatas do Flamengo remeter-se a década de 1980 em diante. Não que seja um absurdo, afinal foi a era de ouro do clube, onde fomos mais vitoriosos e onde foi ratificado qual era o maior time do Brasil. Mas antes disso, o Mais Querido já era um clube grande, vitorioso e com craques que já vestiam o Manto Sagrado.
Então, nada mais justo do que começar a série “Os heróis antes de Zico” com o ídolo do nosso maior ídolo. Zico nunca escondeu que Dida era o ídolo dele de infância, na zona norte do Rio de Janeiro, o menino Arthur sonhava em um dia vestir a camisa 10 do Flamengo como o seu herói que ele tanto ouviu no rádio ou viu de perto muitas vezes atrás do gol do Maracanã quando ainda era um simples torcedor.

A descoberta do menino alagoano
Em 1954, dirigentes da delegação de vôlei do clube que estavam em Macéio, resolveram ir assistir a uma partida de futebol entre as seleções de Alagoas e da Paraíba, lá se encantaram com um menino franzino de apenas 20 anos que marcou 3 gols pela seleção local. Edvaldo Alves de Santa Rosa foi convidado para fazer testes no Flamengo. Nascido na capital alagoana, Dida atuava como meia e era jogador do CSA, mesmo sendo considerado tímido, foi aprovado nos testes e em pouco tempo já era jogador do Clube de Regatas do Flamengo.
Dida estreou em um clássico contra o Vasco, graças a uma lesão da então estrela Evaristo de Macedo, depois disso ficou sem espaço no elenco, foi colocado no time de aspirantes (hoje conhecido como juniores ou sub-20), retornando no ano seguinte em 1955, mas não sem antes mostrar que era mesmo um grande talento ao faturar o Campeonato Carioca de Aspirantes no mesmo ano.
Assim que voltou ao time principal, Dida começou a mostrar que teria um grande futuro com a camisa rubro-negra, com principal destaque para o título carioca de 1955 onde na final contra o América vencida pelo Flamengo, o nordestino marcou os 4 gols da vitória rubro-negra por 4×1. O “Menino de Ouro”encantava a torcida rubro negra com belos gols, arrancadas e passes fenomenais, era um camisa 10 clássico, com uma finalização acima da média.

Como se não bastasse encantar a exigente torcida rubro-negra, Dida também era o camisa 10 da Seleção Brasileira. Foi titular e dono da camisa mais importante de seleções do futebol mundial por longos anos, até o surgimento de um tal Edson Arantes do Nascimento. Por uma contusão (e por muito talento também) Pelé tomou a vaga de de titular de Dida, mas não o impediu de também ser campeão do mundo em 1958, no primeiro titulo mundial da seleção brasileira de futebol.
O sucesso na seleção brasileira era paralelo ao sucesso na Gávea: O camisa 10 acumulava títulos e gols com a camisa rubro-negra e cada vez mais entrava pro coração dos Flamenguistas. Depois do Tri-campeonato Carioca 53-54-55, veio também o Carioca de Aspirantes de 1956 , a Taça dos Campeões Estaduais Rio-São Paulo também em 1956, e o Torneio início do Campeonato Carioca em 1959.
Em Abril de 1961, veio o maior e também o último grande título de Dida pelo Flamengo. No Maracanã com aproximadamente 40.000 pessoas, o Flamengo venceu o Corinthians por 2×0 e venceu o torneio Rio-São Paulo. Com gols de Joel e Dida, o Mais Querido conquistou o seu único caneco do torneio que foi extinto em 2002.

Com a chegada do treinador Flávio Costa, Dida perdeu a titularidade e seu espaço, foi coadjuvante do título carioca de 1963 e em 1964 transferiu-se para a Portuguesa de Desportos. Saiu do Flamengo como o maior artilheiro da história do clube com 264 gols em 357 jogos e a incrível média de 0,74 gols por jogo e passados 56 anos que deixou o clube, só foi ultrapassado pelo seu fã Zico que fez 509 gols em 357 jogos.
Pelo Flamengo, Dida conquistou o : Rio São Paulo (1961), Taça dos Campeões Estaduais Rio- São Paulo (1956), Campeonato Carioca (1953-1954-1955 e 1963), Torneio Ínicio (1959) e o Carioca de Aspirantes (1955-1956).
Dida faleceu em 17 de setembro de 2002, aos 68 anos, vítima de insuficiência hepática e respiratória. Foi enterrado no Cemitério São João Batista, no bairro de Botafogo, no Rio de Janeiro.
Por: Gabriel Fareli