A rivalidade, no futebol, é caracterizada pela vontade de vencer o outro dentro de campo, e quando isso acontece, o gosto é dos mais deliciosos. Olhar para o seu rival e poder dizer à ele “eu te venci” e lembrar dessa vitória por longos anos é o que caracteriza uma boa rivalidade.
Nos anos 60, 70, 80 e 90 tínhamos as maiores e melhores rivalidades do futebol brasileiro, e quem viveu sabe. Quem, infelizmente, não pôde viver, tem a certa noção de como era. Era divino.
Ir ao estádio presenciar um bom Fla-Flu, um bom Fla x Vas, um bom Corinthians x Palmeiras, San-São, entre outros, sempre foi o grande prazer do torcedor brasileiro. Pais contam isso para os filhos até hoje.
E hoje? O que o filho, que tanto escuta histórias maravilhosas de seu pai, sobre como o futebol encanta, sobre como a rivalidade faz parte disso, vai poder contar pro filho dele daqui a algum tempo?
Imagina contar pra um filho: “Eu fui ao jogo e a torcida adversária provocou com maior tragédia da história de nosso clube”. O que o filho pode pensar sobre o futebol? Sobre o que é rivalidade?
Como vamos ensinar nossos filhos a amar futebol da forma que nossos pais nos fizeram amar, se o exemplo que temos hoje são esses? Todo clube tem seres humanos com sentimentos, casa pra cuidar, família para sustentar e sonhos para se realizar.
Há quase 1 ano atrás, 10 sonhos foram embora. Junto com o deles também foi uma parte do nosso, pois para nós, que amamos o futebol, temos sempre o sonho de ver nosso time no topo e muitos, ou talvez um, de nossos 10, poderia fazer com que realizássemos o sonho de torcedor.
Displicência do clube? Não sabemos. Está sendo investigado. A pergunta é: Por que usar de provocação uma tragédia como essa para ferir um rival? Não está ferindo apenas ao rival. Está ferindo a 10 famílias, está ferindo à 10 sonhos e, também, está se ferindo. Ferindo a própria humanidade, se é que tem. Ferindo princípios. E tudo pra quê? Para deslanchar o ódio sobre um rival? Não há argumentos que possam defender tal atitude.
“Paguem as famílias”. Sim, é o que todos queremos. Justiça. Não pelo dinheiro, pois não há valor no mundo que pague a perda de um filho. Porém, não é com isso que, como diz Mauro Cezar, biltres estão preocupados. É ferir o rival.
O que leva à isso? É impossível acreditar que alguém seja capaz de chegar a esse nível de ódio por um rival. E não, não é porque é Flamengo, isso vale para todos. O futebol que aprendemos a amar não permite isso. O esporte une. Dentro de campo somos rivais e queremos um vencer o outro, fora dele queremos harmonia, sorrisos, alegria e paz.
Eu fico aqui me perguntando: Você, torcedor de qual clube seja, vai ensinar ou ensina isso ao seu filho sobre rivalidade? Pois, se ensina, perde o futebol, perde o seu filho, perde você e perdemos todos nós que, diferentemente e semelhantemente ao mesmo tempo, amamos e contemplamos o futebol.
Vinicius Calixto